DEFINIÇÃO E SENTIDO
Do latim religare - liga o homem de volta a Deus. É a identidade religiosa que proporciona orientação ideológica e confere sentido à vida de qualquer pessoa.
Da mesma maneira que a sexualidade, de acordo com Giddens (1993):
“Hoje em dia a sexualidade tem sido descoberta, revelada e propícia ao
desenvolvimento de estilos de vida bastante variados. É algo que cada um de nós ‘tem’, ou cultiva, não mais uma condição natural que um indivíduo aceita como um estado de coisas preestabelecido. De algum modo, que tem que ser investigado, a sexualidade funciona como um aspecto maleável do eu, um ponto de conexão primário entre o corpo, a auto-identidade e as normas sociais.” (GIDDENS, 1993; 25).
A religião e a sexualidade têm um grau de participação igualmente importante no ser humano, e quando desintegrados, o que geralmente são, trazem conseqüências severas ao desenvolvimento saudável tanto emocional quanto físico e mesmo espiritual aos indivíduos.
REPRESSÃO SEXUAL
DEFINIÇÃO: O conjunto de normas estabelecidas no correr da História para controlar o exercício da sexualidade denomina-se Repressão Sexual. O que é permitido e o que é proibido passa a ser interiorizado em cada indivíduo através da família, da escola, da religião e dos meios de comunicação. A pessoa sente dor e culpa ao infringir tais normas. Algumas delas, se ignoradas, podem sofrer sanção legal e levar ao encarceramento.
HISTÓRICO: Na história da humanidade o sexo sempre teve destaque, porém dependendo da época e do lugar, foi glorificado como símbolo de fertilidade e riqueza, ou condenado como pecado. A condenação do sexo surgiu com a instituição do sistema patriarcal, há 5000 anos, restringindo-se, no início, às mulheres, para dar ao homem a certeza da paternidade.
ANTIGUIDADE: Na Grécia antiga o sexo era reprimido na própria divisão de sua prática. O prazer ficava com os homens, que usufruíam os mais jovens (efebos), protegidos sob a tradição de ensinar-lhes. Esses mesmos jovens exerceriam essa repressão sobre outros jovens quando se tornassem adultos. As mulheres eram divididas entre as esposas, que não tinham voz e cujo sexo prestava-se à reprodução, as concubinas, mulheres independentes com quem os homens conversavam, e as cortesãs, usadas para o prazer, em troca de dinheiro ou favores.
Com o surgimento da filosofia, vemos a pederastia. No livro “Os Amores”, atribuído a Luciano no século II, vemos uma apologia a esta divisão entre a sexualidade com homens e mulheres. Na voz do personagem Calicrátidas, o autor afirma o amor pelos rapazes surgiu não por uma decadência, mas pela elevação dos humanos para mais curiosidade e saber (Foucault, 2005:214). A filosofia então começa a transmitir a sabedoria que ela proporciona e encontrou o amor pelos rapazes – que é também o amor pelas belas almas, suscetíveis de virtude.
Por anos o teatro era o precursor das idéias, e o sexo e seus males nefastos incorporados na cultura de cada povo.
Independente da escolha sexual, o sexo passa a ser parte somente do corpo em contraposição à alma, ou o espírito.
A SUPERIORIDADE DA ALMA SOBRE O CORPO
Desde que o imperador persa Ciro libertou os judeus do cativeiro em 539 a.C., mandando de volta a Jerusalém os que estavam exilados na Babilônia, a religião judaica sofre influência dos persas.
As concepções primitivas acerca da sobrevivência deram lugar à crença de que os corpos dos justos seriam ressuscitados por Deus numa nova criação. A imortalidade era uma recompensa. Havia um mundo assombrado de hierarquias rivais de bons e maus poderes - anjos e demônios. A esperança e temor de outro mundo aumentavam com a idéia do Juízo Final. O prazer dessa vida perdeu sua importância. A vida passou a ser direcionada para a salvação num mundo extraterreno.
A imagem de Deus não podia ser reproduzida. Adorava-se um Deus invisível. Desenvolveu-se assim a idéia da superioridade da alma sobre o corpo. Essa elevação de Deus a um nível mais alto de intelectualidade tornou as pessoas mais orgulhosas, sentindo-se superiores aos que permaneceram sob o domínio do corpo.
Na medida em que Deus perde a forma humana e se torna invisível, afasta-se totalmente da sexualidade e é elevado ao ideal de perfeição ética. A restrição à liberdade sexual é, então, instituída.
A RELIGIÃO COMO AGENTE REPRESSOR
O cristianismo e sua institucionalização, o catolicismo, que vem a determinar o próprio calendário de nossa era, é uma das vertentes do monoteísmo (junto ao judaísmo e os muçulmanos), agente fundamental da repressão sexual de nossos dias através da Bíblia.
Esse conjunto de textos designado Bíblia (quer dizer O Livro) reúne narrativas de profetas em forma de evangelhos onde o sexo tem grande importância. Utilizando um deus único, ubíquo (que está em todos os lugares), onipotente, e um código de leis rígido (Os dez mandamentos, Os sete pecados capitais, Os sermões, etc...), as religiões determinam comportamentos que oprimem a humanidade desde a mais tenra idade.
Não se masturbar, Não praticar sexo antes do casamento, Não desejar a mulher do próximo, Não ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo são alguns dos “nãos” que as igrejas impõem à humanidade, que lhes é servil.
A grande muralha que as religiões levantam contra o sexo está contida na palavra pecado, e o preço da desobediência aos preceitos é a perda de um virtual paraíso após a morte, prometido nas escrituras.
Segundo Foucault (2006:17) O cristianismo associara o ato sexual ao mal, ao pecado, à queda, à morte, ao passo que a Antiguidade o teria dotado de significações positivas. O cristianismo assim teria adotado o ato sexual somente no interior do casamento e lhe teria imposto a única finalidade de procriar. Embora parecesse que os antigos não valorizavam os mesmos valores que o cristianismo, tais quais: monogamia, fidelidade, castidade, vemos que na filosofia moral da antiguidade podem-se encontrar textos que versam sobre temas debatidos até os dias atuais. Clemente da Alexandria, no capítulo X do livro II do Pedagogo, associa a atividade sexual com o mal, cria uma regra de monogamia procriadora, condena as relações do mesmo sexo e exalta a continência. Os valores morais que marcaram a ética cristã e a moral das sociedades européias modernas encontravam-se presentes no cerne do pensamento grego ou greco-romano.
ALGUNS PRINCÍPIOS:
MASTURBAÇÃO: Nos sécs XVII e XVIII a medicina e a pedagogia alimentaram obsessões em torno do puro dispêndio sexual – aquele onde não existe fecundidade nem parceiro: o esgotamento progressivo do organismo, a morte do indivíduo, a destruição de sua raça e, finalmente o dano causado a toda a humanidade, foram regularmente ao longo de uma literatura loquaz, prometidos para aqueles que abusassem de seu sexo. Seguindo este exemplo, a tradição cristã na metade do século XIX colocou o prazer no campo da morte e do mal.
Texto do médico grego Areteu, no primeiro século de nossa era.
“Os jovens com uma perda de sêmen carregam em todos os hábitos do corpo a marca da caducidade e da velhice; eles se tornam relaxados, sem força, entorpecidos, estúpidos, prostrados, curvados, incapazes de qualquer coisa, com a tez pálida, branca, efeminada, sem apetite, sem calor, os membros pesados, as pernas dormentes, uma extrema fraqueza, enfim, numa palavra, quase que totalmente perdidos. (...) Essa doença” em si mesmo vergonhosa “é” perigosa no que leva ao marasmo, nociva à sociedade na medida em que se opõe à propagação da espécie.”(In: Foucault: 2006:18)
A medicina dava insistentes conselhos de prudência e de economia no uso dos prazeres sexuais, afirmando que não se devia praticá-los “a não ser que se queira prejudicar-se a si próprio”.
BÍBLIA: Gn. 38:8-10: “Então Judá disse a Onã: "Case-se com a mulher do seu irmão, cumpra as suas obrigações de cunhado para com ela e dê uma descendência a seu irmão.”Mas Onã sabia que a descendência não seria sua; assim, toda vez que possuía a mulher do seu irmão, derramava o sêmen no chão para evitar que seu irmão tivesse descendência. O Senhor reprovou o que ele fazia, e por isso o matou também”.
Por que Onã foi punido? Porque não dava descendência a seu irmão, desobedecendo a Deus, não porque estragava seu sêmen. E isto não tem absolutamente nada a ver com masturbação.
SEXO ORAL: Os argumentos contra sexo oral são os mais variados. Não se sabe de onde os tiraram na Bíblia Sagrada, porque em nenhum lugar ela menciona tal prática. Uns argumentam que o sexo deve ser somente no seu lugar apropriado, mas qual o lugar apropriado para o sexo se as sensações passam por todo nosso corpo?
Outros utilizam Rm. 8:5-9 referindo-se a sexo em geral, como se o sexo fosse somente obra da “carne” levando assim a uma verdadeira ascese (carne versus espírito).
SEXO ANAL: Usam Rm. 1:26-27: para condenar o sexo anal e mencionam a sodomia. O pecado mencionado aqui é a troca natural de homem ficar com a mulher e mulher com o homem, e não do local da penetração. Não quero aqui fazer uma apologia de nenhuma forma de sexo, mas creio que a decisão e escolha devem ser dos dois, no secreto do seu quarto, sem uma ingerência de opiniões públicas ou religiosas.
UMA LUTA ATRAVÉS DOS SÉCULOS
Durante a idade média, em sua aliança com o poder monárquico, a igreja ajudou a reprimir os costumes utilizando a chamada Santa Inquisição. Sob a bandeira de combater os inimigos da religião o sexo, também era violentamente reprimido. Não sem resistência.
Muitos escritores lutaram contra as barbaridades da igreja, que se voltava contra qualquer novidade que fosse contra os seus dogmas. No século XVIII, na França, surge uma safra de escritores chamados Libertinos. Eles trazem o tema do sexo paras seus textos, e praticam eles próprios uma vida que ignora os moralismos da repressão social e cultural. São eles, entre outros o Marquês de Sade (cujo nome viria a cunhar o termo sadismo), Rétif de La Bretonne, que escreveu A Religiosa, Voltaire, que teceu ácidas críticas contra a hipocrisia.
No século XIX, na Inglaterra vitoriana, o escritor Oscar Wilde foi condenado e preso, vindo a morrer em conseqüência de moléstias contraídas no cárcere. Wilde era homossexual, e assumia sua relação com um jovem nobre. Com seu romance O Amante de Lady Chaterley, D.H. Lawrence também conheceu a repressão na mesma Inglaterra, por expor comportamentos usuais da sociedade humana. Os exemplos são muitos e variados, mas a tônica é a mesma: a imaturidade das instituições diante do sexo.
Segundo Regina Navarro Lins (1997) no cristianismo a repressão sexual generalizou-se. O padrão moral tornou-se, em tese, o mesmo para homens e mulheres, embora na prática houvesse maior condescendência para com o homem.
A idéia do homem como superior à mulher em todos os sentidos foi absorvida pelas leis e costumes das antigas civilizações do Oriente Próximo. A mulher se tornou primeiro propriedade do pai, depois do marido e em seguida do filho.
Quando a Igreja Cristã, solidamente baseada em fundações hebréias, tomou conta do mundo ocidental como sucessora de Roma, os relacionamentos social e sexual ficaram fossilizados no âmbar do costume hebreu antigo. Aos preconceitos do Oriente Próximo os pais da Igreja acrescentaram os seus. O sexo foi transformado em pecado e a homossexualidade em um risco para o Estado.
Para os pais da Igreja o sexo era abominável. Argumentavam que a mulher (como um todo) e o homem (da cintura para baixo) eram criações do demônio. O sexo era "uma experiência da serpente" e o casamento "um sistema de vida repugnante e poluído".
A idéia do homem como superior à mulher em todos os sentidos foi absorvida pelas leis e costumes das antigas civilizações do Oriente Próximo. A mulher se tornou primeiro propriedade do pai, depois do marido e em seguida do filho.
Quando a Igreja Cristã, solidamente baseada em fundações hebréias, tomou conta do mundo ocidental como sucessora de Roma, os relacionamentos social e sexual ficaram fossilizados no âmbar do costume hebreu antigo. Aos preconceitos do Oriente Próximo os pais da Igreja acrescentaram os seus. O sexo foi transformado em pecado e a homossexualidade em um risco para o Estado.
Para os pais da Igreja o sexo era abominável. Argumentavam que a mulher (como um todo) e o homem (da cintura para baixo) eram criações do demônio. O sexo era "uma experiência da serpente" e o casamento "um sistema de vida repugnante e poluído".
OS PAIS DA IGREJA
Os primeiros pensadores cristãos tais como Tertuliano, Jerônimo, Agostinho, juntamente com o apóstolo Paulo, foram os responsáveis pelo pensamento sobre sexo que permeia toda a igreja cristã. Foram homens com uma vida sexual ativa antes de se converterem ao celibato e que depois (por motivos óbvios, na psicologia-formação reativa) mostravam total repulsa ao sexo, e principalmente ao sexo feminino.
Agostinho disseminou o sentimento geral entre os padres da Igreja de que o intercurso sexual era fundamentalmente repulsivo. Arnóbio o chamou de sujo e degradante. Metódio de indecoroso, Jerônimo de imundo, Tertuliano de vergonhoso. Entre eles havia um consenso não declarado de que Deus devia ter inventado um modo melhor de resolver o problema da procriação. Agostinho, posteriormente, concluiu que a culpa não era de Deus e sim de Adão e Eva.
Com a época vitoriana, a repulsa a tudo que fosse manifestação da carne, acirrou a idéia de que o sexo deveria ser somente para procriação e repudiou a idéia de sentir prazer, de não dominar o corpo.
O CORPO: NEM BELEZA NEM LIMPEZA
O cristianismo condenará o corpo e tudo o que se tornou matéria perecível em conseqüência do pecado original. O anti-sexualismo se torna um refrão obsessivo no decorrer dos tempos. Até o Renascimento, no século XVI, a condenação da sexualidade cresceria. Jerônimo chamou os encantos das mulheres de “cataplasmas da luxúria” e acrescentou: “o que pode uma mulher esperar do céu quando, em súplica, ergue uma face que seu criador não reconhece?”
O ATAQUE DO CORPO CHEGA AO MÁXIMO DO ABSURDO: FALTA DE HIGIENE
Com a idéia de que seria pecado qualquer coisa que tornasse o corpo mais atraente, Santa Paula cria que a pureza do corpo e das vestes significava a impureza da alma. Os piolhos eram chamados de pérolas de Deus, e estar sempre coberto por eles era marca indispensável de santidade.
Temos muitos exemplos de que falta de higiene era um pré-requisito para a salvação: o eremita Santo Abraão viveu cinqüenta anos depois de ter se convertido e durante todo esse tempo recusou-se terminantemente a lavar o rosto e os pés. Uma virgem muito conhecida, Sílvia, ficou doente em conseqüência dos seus hábitos. Estava com 60 anos e, por princípio religioso, recusou-se durante grande parte da sua vida a lavar qualquer parte do seu corpo, com exceção dos dedos. Santa Eufrásia entrou para um convento de cento e trinta freiras que nunca lavavam os pés e que estremeciam à idéia de banho.
Para os pais da Igreja, a mulher representava a porta do inferno, a mãe de todos os males humanos e por isso deveria envergonhar-se da própria idéia de ser mulher. Devia viver em penitência contínua, por causa das maldições que havia atraído sobre o mundo. Devia envergonhar-se de sua roupa, por ser a recordação de sua queda. Devia envergonhar-se especialmente de sua beleza, porquanto é o instrumento mais potente do demônio. Com efeito, a beleza física era o tema perpétuo de denúncias eclesiásticas.
Temos muitos exemplos de que falta de higiene era um pré-requisito para a salvação: o eremita Santo Abraão viveu cinqüenta anos depois de ter se convertido e durante todo esse tempo recusou-se terminantemente a lavar o rosto e os pés. Uma virgem muito conhecida, Sílvia, ficou doente em conseqüência dos seus hábitos. Estava com 60 anos e, por princípio religioso, recusou-se durante grande parte da sua vida a lavar qualquer parte do seu corpo, com exceção dos dedos. Santa Eufrásia entrou para um convento de cento e trinta freiras que nunca lavavam os pés e que estremeciam à idéia de banho.
Para os pais da Igreja, a mulher representava a porta do inferno, a mãe de todos os males humanos e por isso deveria envergonhar-se da própria idéia de ser mulher. Devia viver em penitência contínua, por causa das maldições que havia atraído sobre o mundo. Devia envergonhar-se de sua roupa, por ser a recordação de sua queda. Devia envergonhar-se especialmente de sua beleza, porquanto é o instrumento mais potente do demônio. Com efeito, a beleza física era o tema perpétuo de denúncias eclesiásticas.
Paulo, no séc. I reforçou a idéia de que casar lhe tiraria o foco de servir a Deus, deixando implícito que o casamento era um paliativo porque era “melhor casar do que abrasar”. A sexualidade assim aparece ao lado da mácula, antagônica ao sagrado.
A Igreja assumiu um ponto de vista diferente de Paulo. Segundo ele, o casamento era uma válvula para o desejo carnal. Em suas palavras não se percebe qualquer objeção ao controle da natalidade. Na doutrina cristã ortodoxa, o matrimônio tem duas finalidades: a reconhecida por ele e a procriação.
A conseqüência foi tornar a moralidade sexual ainda mais difícil do que em Paulo. A relação sexual só é legítima dentro do matrimônio e, além disso, passa a ser pecado, mesmo dentro dele, se não houver esperança de gerar gravidez. "O fato é que o intuito positivo do matrimônio, a procriação, desempenha papel muito subalterno, continuando seu principal propósito ser, como em São Paulo, a prevenção do pecado. A fornicação continua ocupando o centro das atenções, sendo o matrimônio ainda essencialmente uma alternativa um pouco menos lamentável." (Regina Navarro Lins em “A Cama na Varanda”)
Atualmente é comum se falar da família como se fosse uma invenção cristã, mas os predecessores da Igreja de hoje tendiam a atribuí-la ao demônio. "Case-se se for necessário", diziam aos leigos os padres da Igreja, acrescentando que os filhos eram um "prazer dos mais amargos", sendo as esposas, por definição, fracas e frágeis, lentas de entendimento, emocionalmente instáveis, fúteis, hipócritas e totalmente indignas de confiança.
O sexo conjugal era uma constrangedora aventura, embora João Crisóstomo e Metódio concedessem que, se o marido e a esposa racionassem seus carinhos, a felicidade matrimonial não seria necessariamente um obstáculo insuperável para a salvação. A dificuldade fundamental, então, era ligar a sexualidade ao casamento. Necessário à procriação, o ato sexual é um bem; ele está, porém, sempre maculado da busca do prazer, que é um mal.
Em 1444, o franciscano Nicolo de Osino acrescenta que "o ato dos cônjuges só está isento de pecado se entre eles não houver o prazer da volúpia". O que, fisiologicamente, é quase irrealizável, equivalendo a culpabilizar todos os casais. E para São Jerônimo, o homem apaixonado em excesso por sua mulher comete um verdadeiro adultério. Aliás, era uma idéia proveniente dos primeiros filósofos da antiguidade que achavam condenável que um marido fosse apaixonado por sua esposa.
A ambivalência entre casamento e sexualidade observa-se no mais antigo e durável dos ritos de casamento cristão na Gália. Desde o séc. XI o casal é abençoado na porta ou dentro do quarto nupcial, após um rito de purificação pela aspersão de sal. A sexualidade no casamento é abençoada, mas exige purificação. Da mesma forma, o homem que se relacionasse sexualmente com sua esposa deveria abster-se por algum tempo de entrar na igreja, em respeito pelo lugar santo.
O sexo conjugal era uma constrangedora aventura, embora João Crisóstomo e Metódio concedessem que, se o marido e a esposa racionassem seus carinhos, a felicidade matrimonial não seria necessariamente um obstáculo insuperável para a salvação. A dificuldade fundamental, então, era ligar a sexualidade ao casamento. Necessário à procriação, o ato sexual é um bem; ele está, porém, sempre maculado da busca do prazer, que é um mal.
Em 1444, o franciscano Nicolo de Osino acrescenta que "o ato dos cônjuges só está isento de pecado se entre eles não houver o prazer da volúpia". O que, fisiologicamente, é quase irrealizável, equivalendo a culpabilizar todos os casais. E para São Jerônimo, o homem apaixonado em excesso por sua mulher comete um verdadeiro adultério. Aliás, era uma idéia proveniente dos primeiros filósofos da antiguidade que achavam condenável que um marido fosse apaixonado por sua esposa.
A ambivalência entre casamento e sexualidade observa-se no mais antigo e durável dos ritos de casamento cristão na Gália. Desde o séc. XI o casal é abençoado na porta ou dentro do quarto nupcial, após um rito de purificação pela aspersão de sal. A sexualidade no casamento é abençoada, mas exige purificação. Da mesma forma, o homem que se relacionasse sexualmente com sua esposa deveria abster-se por algum tempo de entrar na igreja, em respeito pelo lugar santo.
Em suma, a igreja via o casamento como uma série de concessões à fraqueza humana - necessidade de companheirismo, sexo e filhos - e fazia o possível para sabotá-lo. Mais especificamente, ela se recusava a considerar o sexo como parte integrante do casamento.
As proibições são muitas e detalhadas. Durante o coito, só é permitida uma posição: o homem estendido sobre a mulher, ela deitada de costas, pernas abertas. São editados alguns tabus referentes ao tempo ou local das relações sexuais: proibido copular na véspera dos dias santos e de festas, nos dias de jejum e abstinência, antes da comunhão, durante os períodos de menstruação, em locais ditos sagrados etc.
Certos teólogos, mais rígidos, recomendavam a abstenção nas quintas-feiras, em memória da prisão de Cristo; nas sextas-feiras, em memória de sua morte; aos sábados, em honra à Virgem Maria; aos domingos, em homenagem à Ressurreição e às segundas-feiras em comemoração aos mortos. As terças e quartas-feiras eram amplamente abrangidas por uma proibição de relação sexual durante jejuns e festivais - os quarenta dias antes da Páscoa, Pentecostes e Natal; os sete, cinco ou três dias antes da comunhão e assim por diante.
As proibições são muitas e detalhadas. Durante o coito, só é permitida uma posição: o homem estendido sobre a mulher, ela deitada de costas, pernas abertas. São editados alguns tabus referentes ao tempo ou local das relações sexuais: proibido copular na véspera dos dias santos e de festas, nos dias de jejum e abstinência, antes da comunhão, durante os períodos de menstruação, em locais ditos sagrados etc.
Certos teólogos, mais rígidos, recomendavam a abstenção nas quintas-feiras, em memória da prisão de Cristo; nas sextas-feiras, em memória de sua morte; aos sábados, em honra à Virgem Maria; aos domingos, em homenagem à Ressurreição e às segundas-feiras em comemoração aos mortos. As terças e quartas-feiras eram amplamente abrangidas por uma proibição de relação sexual durante jejuns e festivais - os quarenta dias antes da Páscoa, Pentecostes e Natal; os sete, cinco ou três dias antes da comunhão e assim por diante.
Essa proibição do prazer impregnará por muito tempo a cultura ocidental. O seu peso é perceptível ainda hoje. A Igreja se aproveitava da proibição sexual para exercer, através da confissão auditiva, um controle rigoroso sobre suas ovelhas, numa época e em países onde o simples fato de se confessar descrente podia levar à fogueira.
Sem muita dificuldade podemos nos abster de matar o vizinho ou de roubar-lhe as galinhas. É mais difícil não desejar a sua mulher, pelo menos mentalmente, quando ela é desejável. E é quase impossível escapar-lhe, se a dita mulher, compreendendo nosso sentimento, dele partilha e vem entregar-se.
Na realidade cotidiana, poucos homens ou mulheres, um dia ou outro, terão tido vontade de cometer um homicídio ou roubo. Mas todos, ou quase, terão sido solicitados para uma ou várias aventuras extraconjugais. Encarregando-se do controle da sexualidade e traçando-lhe limites estreitos, o cristianismo faz de todo homem um pecador, tendo-o à sua mercê, pois somente a Igreja, através do sacramento da penitência, possui a chave da Redenção. E esse método é tão eficaz que o pecador reincidirá, quase que inelutavelmente. Inquisição: sexo como obra do demônio.
Sem muita dificuldade podemos nos abster de matar o vizinho ou de roubar-lhe as galinhas. É mais difícil não desejar a sua mulher, pelo menos mentalmente, quando ela é desejável. E é quase impossível escapar-lhe, se a dita mulher, compreendendo nosso sentimento, dele partilha e vem entregar-se.
Na realidade cotidiana, poucos homens ou mulheres, um dia ou outro, terão tido vontade de cometer um homicídio ou roubo. Mas todos, ou quase, terão sido solicitados para uma ou várias aventuras extraconjugais. Encarregando-se do controle da sexualidade e traçando-lhe limites estreitos, o cristianismo faz de todo homem um pecador, tendo-o à sua mercê, pois somente a Igreja, através do sacramento da penitência, possui a chave da Redenção. E esse método é tão eficaz que o pecador reincidirá, quase que inelutavelmente. Inquisição: sexo como obra do demônio.
Em 1183, a Igreja cria os tribunais da Inquisição, com o objetivo inicial de combater a luxúria, pois temia que a liberdade sexual se generalizasse entre o povo e lhe tirasse toda a autoridade.
A Inquisição considera o apetite sexual demoníaco e o persegue intensamente. Qualquer moça atraente é suspeita de bruxaria e de ter relações sexuais com satã. Este é representado com pênis longo, duro, guarnecido de ferro e de escamas, de onde escorre um esperma glacial.
Apesar de provada a virgindade anatômica, jovens são condenadas à fogueira, acusadas de ter relações com o diabo e de atrair para suas redes padres e bispos, além de acasalarem-se com animais, especialmente gatos pretos.
As pessoas são facilmente transformadas em cúmplices do maligno, bastando uma simples mancha cutânea ou qualquer outro sinal, como uma crise de epilepsia. As condenações à morte pela fogueira se multiplicam.
SOCIOLOGICAMENTE
Porém, segundo Foucault a repressão sexual, os textos e discursos sobre sexo a partir do século XVIII não visavam proibir ou reduzir a prática sexual, e sim controlar o indivíduo e a população. A igreja católica com a contra-reforma iniciou o processo de incitação dos discursos sobre sexo ao estimular o aumento das confissões ao padre e a si mesmo.
Além da igreja, No século XVIII e principalmente no século XIX, diversas áreas das ciências começaram a se preocupar também com o sexo: A medicina, a psiquiatria, a justiça penal, a demografia, a crítica política. Todos os seus discursos de analisar, contabilizar, classificar a prática sexual na verdade revelam a necessidade de administrar o sexo, visando fortalecer e aumentar a potência do Estado (que não significa aqui estritamente República, mas também cada um dos membros que o compõe).
Um dos exemplos práticos dos motivos para se governar o sexo foi o surgimento da população como problema econômico e político, sendo necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, a precocidade e a freqüência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis e assim por diante. Pela primeira vez, a fortuna e o futuro da sociedade eram ligados à maneira como cada pessoa usava o seu sexo. O aumento dos discursos sobre sexo pode, então, ter visado produzir uma sexualidade economicamente útil.
Michel Foucault constrói, portanto, uma nova hipótese acerca da sexualidade humana, segundo a qual esta não deve ser concebida como um dado da natureza que o poder tenta reprimir. Deve, sim, ser encarada como produto do encadeamento da estimulação dos corpos, da intensificação dos prazeres, da incitação ao discurso, da formação dos conhecimentos, do reforço dos controles e das resistências. As sexualidades são, assim, socialmente construídas. Assim como a hipótese repressiva é uma explicação que funciona. Cada um que aceite a verdade que mais lhe convém.
CONSEQUÊNCIAS DA REPRESSÃO SEXUAL SOBRE O HOMEM E A MULHER
WILIAM REICH
Não se pode falar sobre repressão sexual sem mencionar Wilhelm Reich, psicanalista e ativista político alemão da década de 20, que montou toda sua obra sobre essa questão. Seus vários livros, à frente A Função do Orgasmo, mostram as convergências entre psicanálise e marxismo. É dele a expressão: "a família é a fábrica da estrutura ideológica" querendo dizer que nela estão os elementos estruturantes da repressão sexual.
Reich afirmava que a repressão social e cultural dos instintos naturais e da sexualidade do indivíduo eram obstáculos ao crescimento. Para Reich, a maior fonte das neuroses era a repressão sexual. Segundo Reich, ela ocorre durante as três principais fases da vida: a primeira infância, puberdade e idade adulta.
Os bebês e as crianças pequenas são confrontados com uma atmosfera familiar neurótica, autoritária e repressora do ponto de vista sexual. Em relação a este período de vida, Reich basicamente reafirma as observações de Freud a respeito dos efeitos negativos das exigências dos pais, relativas ao treinamento do uso do sanitário, às auto-restrições e ao bom comportamento por parte das crianças pequenas.
Durante a puberdade, os jovens são impedidos de atingir uma vida sexual real e a masturbação é proibida. Talvez até mais importantes que isto, a sociedade em geral torna impossível, aos adolescentes, lograr uma vida de trabalho significativa. Por causa deste estilo de vida antinatural, torna-se especialmente difícil aos adolescentes ultrapassar sua ligação infantil com os pais.
Por fim, na idade adulta, a maioria das pessoas se vê envolvida na armadilha de um casamento compulsivo, para o qual estão sexualmente despreparadas. Reich também salienta que os casamentos desmoronam em conseqüência das discrepâncias sempre intensificadas entre as necessidades sexuais e as condições econômicas. As necessidades sexuais podem ser satisfeitas com um e o mesmo companheiro durante algum tempo. Também o vínculo econômico, a exigência moralista e o hábito humano favorecem a permanência da relação matrimonial. Isso acaba resultando na infelicidade do casamento. A situação familiar que se desenvolve segue de forma a recriar a mesma atmosfera neurótica para a próxima geração de crianças.
Reich sentia que indivíduos criados numa atmosfera que nega a vida e o sexo desenvolvem um medo do prazer, o qual é representado por sua Couraça Muscular. Essa Couraça do Caráter é a base do isolamento, da indigência, do desejo de autoridade, do medo da responsabilidade, do anseio místico, da miséria sexual e da revolta neurótica, assim como de uma condescendência patológica. Para ele, um ensino sobre a vida, dirigido e distorcido por indivíduos encouraçados, irá acarretar um desastre final a toda a humanidade e às suas instituições. O resultado mais provável do princípio da potência orgástica será uma perniciosa filosofia de bolso, espalhada por todos os cantos. Tal como uma flecha que, ao desprender-se do arco, salta firmemente retesada, a procura de um prazer genital rápido, fácil e deletério devastará a comunidade humana.
A couraça serve para nos desligar de nossa natureza interna e também da miséria social que nos circunda. Natureza e cultura, instinto e moralidade, sexualidade e realização são elementos que se tornam incompatíveis. A unidade e congruência de cultura e natureza, trabalho e amor, moralidade e sexualidade, unidade esta desejada desde tempos imemoriais, continuará a ser um sonho enquanto o homem continuar a condenar a exigência biológica de satisfação sexual natural (orgástica). A democracia verdadeira e a liberdade baseadas na consciência e responsabilidade estão também condenadas a permanecer como uma ilusão até que esta evidência seja satisfeita.
FREUD
A sexualidade se faz presente em todas as etapas do desenvolvimento humano, embora se trata de uma questão quase sempre silenciada. Por um lado é fonte de prazer e por outro, o alvo predileto para ataques e censuras de toda ordem.
Para Freud, considerado o pai da psicanálise, os seres humanos nascem com um impulso vital para busca do prazer, chamado de libido. O prazer nos primeiros anos de vida é atingido através dos órgãos sensoriais. Para o bebê o prazer consiste em estar seco, bem alimentado e agasalhado. As sensações prazerosas vêm do próprio corpo do bebê. Com o desenvolvimento do ser humano, a fonte de prazer passa a vir de sensações originadas em algo ou alguém que elegemos como nosso objeto erótico. Assim surge o desejo pelo outro.
Mas este desenvolvimento vai acontecendo lentamente e pode ser prejudicado por uma série de fatores culturais, dentre os quais a interferência da família e de educadores mal orientados, que começam a incutir nas pessoas conceitos negativos sobre sexo e sobre a sexualidade. “A repressão sexual impede a liberação da fantasia erótica, um fator importantíssimo para o orgasmo feminino”. Freud já falava também da imensa dificuldade, do ser humano, de integrar a sexualidade ao resto de sua vida. Ele sempre acreditou que muitos sofrimentos neuróticos eram causados pela repressão.
DISFUNÇÃO DO ORGASMO FEMININO
Anorgasmia Feminina
A Anorgasmia é definida como a falta de prazer orgástico (gozo) após um período de excitação normal (com aumento de lubrificação e volume da vulva). Pode ser primária, quando a mulher jamais experimentou um orgasmo, ou secundária, quando essa deixou de obter o gozo sexual nos envolvimentos amorosos, antes satisfatórios. É um quadro relativamente comum, atingindo uma freqüência de aproximadamente 30% dos brasileiros, em média 7,5 % das mulheres em nosso estado.
O que causa?
A expressão "falta de orgasmo feminino" é uma mescla de frustração, baixa auto-estima e conformidade. Muitas mulheres vivem sem sequer tentar algum prazer sexual, presas por laços culturais e religiosos ortodoxos, aliados à falta de orientação e educação sexual. "Sexo é para os homens!". Assim, sonegam seus desejos, evitando a ansiedade de enfrentar uma série de preconceitos impostos por uma educação repressora e sexista. A hostilidade ao parceiro, o medo da perda de autocontrole, a falta de desejo generalizada, a dor no coito e a inabilidade do parceiro na atividade sexual são outras causas comuns deste transtorno sexual.
Após o movimento da Revolução Sexual da década de 60, houve maior propagação de orientação e educação sexual. No entanto, foi somente na última década do século passado que a ciência pode desvendar a anatomia dos genitais femininos. Descobriu-se que o clitóris, considerado um pequeno órgão de sensibilidade sexual da vulva era apenas a pontinha de um iceberg de um órgão muito maior, mais complexo e especializado na arte do prazer sexual.
Também novos conceitos evolutivos trouxeram à tona dados que alteram a visão de alguns comportamentos considerados anormais. A promiscuidade feminina no reino animal, por exemplo, pode ser vista como vantajosa para a evolução da espécie. Os espermatozóides de diferentes machos competiriam entre si dentro da fêmea para fecundar o óvulo e perpetuar sua linhagem. Os genes mais "fortes" do espermatozóide vencedor garantiriam uma prole mais competitiva e saudável.
Mas tudo isso é muito novo ainda. As mulheres deste novo milênio, conforme a sua cultura e o possível acesso aos meios de comunicação e informação, variam nos seus conceitos de identidade feminina. A repressão sexual ainda é significativa e vigora até mesmo nos centros considerados de maior intelectualidade do país.
A repressão sexual impede a liberação da fantasia erótica, um fator importantíssimo para o orgasmo feminino. Se uma mulher não se permite fantasiar e se conhecer, descobrir as partes de seu corpo que mais respondem aos estímulos, não aprenderá a arte do prazer sexual. Diferentemente do homem, que possui o genital exposto (o pênis), a mulher tem que descobrir o clitóris e a vagina, órgãos essenciais para o orgasmo.
O orgasmo no coito é uma segunda fase a ser atingida e depende da harmonia e confiança do casal. O objetivo é que a mulher possa se soltar e controlar adequadamente o ritmo do estímulo clitoridiano feito pelo parceiro. Existem técnicas mais especializadas como a contração rítmica da plataforma orgástica (músculos da vulva) que também ajudam a atingir o sucesso da relação sexual.
A prática leva ao sucesso orgástico, mas é inútil sem a concentração na fantasia erótica e o auto-abandono ao prazer.
SEXO DE BAIXA QUALIDADE
A moral sexual instituída pelo patriarcado deriva uma baixa qualidade do sexo. A visão da mulher como propriedade do homem, a quem deve se entregar e a educação autoritária impedem a mulher de livremente se entregar ao sexo como instrumento de prazer e não de procriação.
Para a maior parte dos homens, possuir uma mulher constitui muito mais uma prova de virilidade do que uma experiência amorosa; a conquista, tornando-se mais importante que o amor, justifica a atitude da mulher.
Na sociedade ocidental o sexo é na maioria das vezes praticado como uma ação mecânica, rotineira, desprovida de emoção, com o único objetivo de atingir o orgasmo o mais rápido possível. 75% dos homens ejaculam menos de dois minutos depois de introduzir o pênis na vagina e muitos, depois disso, viram para o lado e dormem. Enquanto isso, a maioria das mulheres não tem orgasmo e se desilude com a objetividade sexual do homem.
Resulta daí ser o desempenho sexual bastante ansioso, podendo levar a um bloqueio emocional e a vários tipos de disfunção como a impotência, a ejaculação precoce, as disfunções do desejo e a ausência de orgasmo.
Resulta daí ser o desempenho sexual bastante ansioso, podendo levar a um bloqueio emocional e a vários tipos de disfunção como a impotência, a ejaculação precoce, as disfunções do desejo e a ausência de orgasmo.
Infelizmente, a idéia de que a esfera do prazer encontra-se somente nas prostitutas, nos cafés de garotas de programa propagou-se por causa da repressão sexual da sociedade e da própria igreja.
O mundo entra no terceiro milênio ainda sofrendo da doença da repressão sexual. O caminho, parece estar provado, é o da conscientização. A identificação de sexo com prazer e a identificação de prazer com saúde física e mental no pleno uso do corpo.
Frigidez ou Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo
O transtorno do desejo sexual hipoativo (HSDD) é uma das formas mais comuns de disfunção sexual feminina. Seu diagnóstico requer:
- Deficiência ou ausência de fantasias sexuais, ou
- Deficiência ou ausência de desejo sexual, e
- Sofrimento ou dificuldades interpessoais
O DSM.IV, classificação norte-americana de doenças mentais traz como característica essencial desse Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo uma deficiência ou ausência de fantasias sexuais e ausência do desejo de ter atividade sexual.
O Desejo Sexual é um fenômeno subjetivo e comportamental extremamente complexo. Contribuem para a gênese do desejo sexual as fantasias sexuais, os sonhos sexuais, a iniciação à masturbação, o início do comportamento sexual, a receptividade do companheiro (a), as sensações genitais, as respostas aos sinais eróticos no meio ambiente, entre muitos outros fatores. Ele compreende três componentes principais: a biologia, a psicologia e a socialização, interagindo continuamente uns com os outros. O comportamento sexual se inicia tanto na cultura, através da motivação sexual, como na pessoa, através do estímulo sexual.
A vida sexual sofre a influência de forças culturais que são muitas vezes, mais importantes do que os aspectos biológicos ou psicológicos. Com a idéia de que sexo é pecado, feio e sujo, muitas pessoas passam a reprimir seus desejos e experimentam situações fortemente conflitivas trazendo conseqüências emocionais, tais como a frigidez. Valores culturais, morais e religiosos fazem parte do universo psíquico da pessoa desde a mais tenra idade. Para a mulher, estes valores são ainda mais tirânicos do que para os homens. Elas aprenderam que devem ser fonte de prazer, e não tirar prazer. Haja vista na índia e em certas partes da África, o clitóris das meninas serem tirados delas com a idade de cinco anos para que não sintam prazer ao crescer.
CONCLUSÃO:
Independente do motivo da repressão sexual, quer seja religiosa, política e social, quando homens e mulheres souberem que são capazes de conseguir muito mais da própria vida sexual do que se permitem sentir teríamos relacionamentos e casamentos mais saudáveis e duráveis e isso é possível desde que encontremos tempo, energia, coragem e honestidade para buscar esse desenvolvimento.Fonte: http://www.encontrointimo.com.br
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